TITO DE BARROS
Tito de Barros (Murici, Alagoas, em 26 de sete,bro de 1878 — e faleceu no Rio de Janeiro, a 14 de junho de 1946) foi um poeta e jornalista brasileiro, fundador da Academia Alagoana de Letras.
Foi militar de carreira e poeta por vocação.
Publicou um único livro — “Rimas”, pela Tipografia da Livraria Fonseca, Maceió, em 1920.
Imagem extraída da http://revistadepoesiaalagoana.blogspot.com/
AVELAR, Romeu de. Coletânea de poetas alagoanos. Rio de Janeir o: Edições Minerva, 1959. 286 p. ilus. 15,5x23 cm. Exemplar encadernado. Bibl. Antonio Miranda
PALMEIRAS
Alta, esguia, aprumada, os penachos no vento,
Na grata orquestração da jornada vencida,
A palmeira assinala um grande sofrimento:
Cada cinta é uma dor no esforço da subida.
Na glória que lhe vem do próprio valimento,
Ei-la, soberba, heril, das nuvens preferida;
Fronde voltada ao sol, anseia o firmamento,
A terra a comprimi-la, anseia-lhe a descida...
Rainha vegetal, os astros te abençoam,
Beijos de luz, a rir, na fronde verde-escura,
Teu grande padecer, na ascensão, galardoam...
Homem, segue a palmeira, imita-lhe a bravura,
Lutas pelos ideais que a mente te povoam,
Sê ventura a florir na própria desventura.
BENDITA PRISÃO
Preso a um fio de linha, ao pé da mesa,
Achei-me um dia, pena que revela,
De minha mãe, prendendo-me, a tristeza,
E a raiva que em silêncio tive dela.
Hoje, crente, medindo-lhe a pureza
D´alma, agora no céu, pura e singela,
Lembro a prisão, na mágoa da certeza
De não gozar mais outra como aquela...
De olhos presos no céu, preso por ela
Que além, na altura, resplandece, presa
Às mãos de Deus que seu destino vela;
Em vez de fui da saudade acesa,
Quisera ser, com a mesma raiva dela,
Preso a um de linha, ao pé da mesa...
DUAS QUADRAS
Ante um sábio, tem cuidado
Fala pouco e ouve bem.
Ao presumido, enfatuado,
Faze de sábio também...
Mão direita — pensamento...
Mão esquerda — coração...
Para escrever sentimento
Preciso mudar de mão.
ASAS
Alta, a luz de um sol abrasa,
Um pássaro pairando...
Leque — uma asa
E outra, voando...
Longe, oscilando, em luta incerta
Contra a procela,
Um velho barco, uma asa aberta
Em cada vela...
Volta o pássaro à verdura,
O barco ao porto, e morre o dia.
O mar anseia, o céu fulgura,
Fecha as asas, fantasia...
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Página publicada em junho de 2021
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